11 setembro 2006

Mensagens equivocadas

Lúcio César Menezes

Está no ar um comercial de um grande banco que aglutina três mensagens equivocadas sobre família.

Um menino fica gritando e repetindo dezenas de vezes: “pai, quero uma bicicleta”. A situação vai ficando irritante e, no final, o pai responde, também gritando: “tá bom, pára de falar!”. Vem, então, o narrador e oferece um endividamento fácil – quando você tiver que comprar algo que não pode por insistência de alguém, nós lhe damos uma opção rápida de endividamento.

Vejamos os equívocos.

1. filhos:

a) gritando até serem ouvidos

b) insistindo até serem atendidos

De vez em quando é possível ver crianças dominando completamente os pais, causando-lhes vergonha em público. Vão gritando e insistindo até que os pais cedem à pressão sem raciocinar e sem escolher a melhor opção. Fazem o que as crianças pedem para se ver livres da pressão. Pior, há vezes em que disseram que não podiam atender várias vezes mas, ante a insistência, voltaram atrás. A mensagem clara é: insista e os pais vão ter que ceder, você tem o poder para controlar sua família para atender a todos os seus desejos.

Infelizmente essa mensagem tem sido divulgada e aceita por muitas famílias. Os pais estão deixando de decidir com base em critérios justos e passando a decidir sem qualquer critério, exceto as demandas dos filhos insistentes. Estão abrindo mão do dever de ensinar, de mostrar que as escolhas são importantes e que nem sempre é possível ter tudo que se deseja.

2. pais:

a) respondem sem paciência

b) decidem sem pensar

A propaganda sugere que a melhor saída para lidar com as “vontades” das crianças é aceitar logo e pronto. A solução é atender, sem levar em conta as limitações, as dificuldades, outras prioridades ou planos da família. A criança quer, insiste? Você precisa atender logo.

Já vi (e você também, provavelmente) cenas iguais à da propaganda. O filho pede e o pai (ou mãe) nega. Ele pede de novo. Nova negativa. Vai insistindo, aumentando o tom de voz, puxando a roupa dos pais, chamando a atenção, gritando... O pai (ou mãe) “não agüenta mais” e responde sem pensar: “tá bom, pára de ficar gritando no meu ouvido!”

Pronto, o padrão perverso está estabelecido e se repetirá muitas vezes.

3. não tem dinheiro, faça uma dívida:

Para completar o desastre vem a sugestão que atende aos interesses do banco – faça uma dívida! Claro, o enfoque é outro. Obtenha um financiamento fácil e rápido e fique livre das pressões e exigências do seu filho (esposa, marido etc.).

Na prática, o apelo fácil a financiamentos leva muitos à situação de insolvência. São tantas dívidas que não há mais como pagar!

Uma família equilibrada não vem por acaso. Os cônjuges precisam tomar decisões e estabelecer prioridades corretas para que o equilíbrio espiritual, emocional e financeiro seja uma realidade.

Os pais não podem abrir mão da responsabilidade de gerenciar bem os recursos que têm disponíveis, deixando-se levar por decisões impensadas, precipitadas e sem nenhum planejamento.

A construção de uma família sadia se dá com decisões que levam em consideração o longo prazo, não se deixando seduzir pela mentalidade imediatista que norteia a sociedade moderna.

Um caminho sensato é orientar os filhos em conversas planejadas, passando-lhes valores e critérios corretos de avaliação, discutir juntos as opções e decidir com calma e paciência.

Tudo sem descurar do principal: viver dentro da realidade financeira de cada um.

Basta o mau exemplo do governo que gasta muito mais do tem.


Em http://revendo.cjb.net/

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