05 fevereiro 2007

DEUS MOMO

Dizem que carnaval é alegria do povo, expressão da cultura e folclore popular. Se fosse só isto, o Salmo 150 até poderia ser um convite para esta festa: "louvem o Eterno com pandeiros e danças". Mas a euforia do carnaval desde sua origem até nossos dias tem mostrado que o melhor mesmo é ser contagiado pela tristeza pois este sentimento ao menos pode levar a Deus. Com origens no Egito antigo quando o sagrado boi Ápis era levado em procissão até o rio Nilo, já neste tempo era uma festa repleta de orgias e promiscuidades sexuais de um povo grotescamente fantasiado. Com as conquistas da Grécia e de Roma, esta festa egípcia foi levada para outros lugares. Na Grécia tomou o nome de Dionisíaca em honra ao deus do vinho, Dionísio, e em Roma, Bacanal, em homenagem ao deus do vinho, Baco. Com a influência do cristianismo, estas festas pagãs deixaram de ser promovidas pelos poderes públicos. Mas na Idade Média, sob a tolerância da Igreja, voltaram com outro nome: carnevale (vocábulo italiano que significa "adeus à carne). Foi a maneira encontrada para aproveitar o máximo dos últimos momentos antes do jejum de 40 dias da Quaresma quando nenhuma manifestação de alegria era permitida. Em nosso país o carnaval, uma atração turística para o mundo inteiro com conotação bem conhecida - sensualidade e promiscuidade, ultrapassou os moldes do paganismo antigo. Dedicado ao Momo, deus da mitologia grega que representa a zombaria e o sarcasmo, o carnaval brasileiro debocha dos princípios morais de maneira escandalosa. Apoiada pela televisão sem nenhuma ou pouca censura, a "festa da globeleza" alimenta a tara sexual e faz o governo distribuir gratuitamente camisinhas aos foliões com o dinheiro dos contribuintes fiéis às suas esposas.

Na verdade o cristão tem motivos de sobra para se alegrar "porque a vida sempre é agradável para as pessoas que têm um coração alegre" (Salmo 15.15). É uma alegria que vem da fé num Deus vivo e não num deus morto (Momo é um deus morto que conforme a mitologia foi expulso do Olimpo para ser na Terra o rei dos loucos). Já dizia a Bíblia que os loucos pecam e não se importam (Provérbios 14.9). Por ser o carnaval uma reedição moderna das religiões pagãs e um convite à promiscuidade, por ser uma festa que destrói o casamento e a família, por ser um "louvor à carne" que antecede à festa da Páscoa ofendendo o único Deus que se fez homem, morreu e ressuscitou para oferecer a alegria que não acaba, certamente o cristão tem outros motivos para festejar "com pandeiros e danças". Além de ser algo saudável para a sua fé, é um testemunho para este mundo infeliz que tanto Deus ama.

Pastor Marcos Schmidt
e-mail: marsch@terra. com.br
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Pelotas, 30 de janeiro de 2002